Aumento da pobreza no RS refletido no recorde de incluídos no Bolsa Família


No estado do Rio Grande do Sul, as recentes inundações impactaram significativamente a vulnerabilidade social. Além das perdas de moradia e renda relatadas, dados oficiais revelam a extensão da devastação socioeconômica. O número de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família aumentou de 621.694 em abril para 641.422 em maio.

Inicialmente, o estado contava com 628 mil famílias inscritas no programa federal em 2024, com uma tendência de redução que atingiu o mínimo de 620 mil em março. No entanto, houve um pequeno aumento de abril para maio em todo o Brasil.

No município de Eldorado do Sul, com 39,5 mil habitantes, houve um crescimento de 20% no número de famílias cadastradas no Bolsa Família, totalizando 3.978 famílias. O valor médio do benefício em maio foi de R$ 674,30, resultando em um montante mensal de R$ 432,5 milhões.

Um levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indicou que 80% das pessoas foram afetadas localmente. A procura por inclusão no Cadastro Único para Programas Sociais aumentou consideravelmente desde o início do ano, demanda que ainda persiste, segundo Júnior Torres, presidente da Central Única das Favelas (Cufa) no estado.

Diante da diversidade das camadas sociais atingidas, Júnior Torres aponta a necessidade de evolução nas formas de apoio do poder público, destacando a urgência de políticas mais dinâmicas e menos burocráticas para atender às demandas da população.

Análises realizadas pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS) revelaram a situação financeira dos afetados, com a maioria dos bairros de alta vulnerabilidade sendo impactados pelas inundações. Maurício Andrades Paixão, Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, ressalta a importância de uma abordagem multidisciplinar para entender e enfrentar essa realidade complexa.

Segundo Daphne Becker Calazans, engenheira ambiental pela UFRGS, a heterogeneidade da população atingida demanda políticas públicas diferenciadas, priorizando aqueles em condições mais precárias. O último balanço da Defesa Civil apontou que 478 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas inundações, com milhares de pessoas necessitando de abrigo e milhões impactadas. A gravidade da situação é evidenciada pelo número de mortes e desaparecidos.

Esses dados reforçam a necessidade de uma abordagem abrangente e integrada para lidar com as consequências das inundações no Rio Grande do Sul, priorizando o amparo às populações mais vulneráveis e implementando medidas eficazes de reconstrução e suporte social.

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